"[...]Você que inventou a tristeza, ora, tenha a fineza de "desinventar". Você vai pagar, e é dobrado cada lágrima rolada nesse meu penar. Apesar de você, amanhã há de ser outro dia!"
[Chico Buarque para uma noite cheia de lembranças e de vontade de contar histórias...]
Eu gosto das nossas possibilidades. Eu gosto das possibilidades do seu rosto. Eu gosto das possibilidades do seu olhar. Eu gosto das possibilidades e do mundo que sua sobrancelha traz. Dá pra entender tudo por ali... E aí você me olha, direto, reto, olhos verdes...
Eu gosto muito das nossas possibilidades. Mas aí você é um turbilhão de pensamentos que incomodam como dores de cabeça que latejam bem forte, querendo controlar minha sinceridade sempre tão... sincera! Seu desassossego chega sempre em frases muito curtas, mas que é um encanto. E logo depois você se acalma. Lavou o cabelo e dá pra ver por entre os fios o olhar discreto, mas ainda um pouco inseguro. Me olha... Não para de me olhar!
Eu gosto de olhar para você. Olhar para suas mãos. Olhar para o seu rosto. Olhar você. Eu gosto da linha infinita que se forma de uma ponta do seu ombro até a outra ponta. Mas logo você virou as costas e foi embora. Sem despedida. Um até mais. Mas um até mais que ia demorar.
Eu gosto quando você volta... E lá das alturas me abraça e me faz sentir protegida, e se faz parecer pequeno. Eu pergunto por que voltou, se diz que sente saudades, mas não fica? Por que voltou, se diz que gosta, mas prefere ir embora? Eu pergunto o que é isso que deixa seu rosto tão interessante e você ri. Você sempre ri quando fico séria, quando me aproximo demais. E logo diz alguma coisa que é um segredo nosso, e nem era a hora de dizer.
Eu gosto da possibilidade de não saber o que vai acontecer a cada encontro, a cada conversa, a cada despedida... O seu mistério não me dá mais aquele medo errado. É o friozinho na barriga que me deixa ligada!
Eu gosto que todas as suas roupas sejam verdes, mesmo não sendo. Eu gosto da palma da sua mão cheia de risquinhos. Eu gosto quando você perde a paciência, mas não tira os olhos dos meus olhos. Eu gosto quando, mesmo que nada esteja acontecendo, seus olhos continuem iguais, serenos. Eu gosto quando você sorri sem motivo, sorri para qualquer pessoa, em qualquer lugar.
Você já foi, já voltou, foi de novo, voltou, foi... Foram tantas vezes, e eu já gostei de você inúmeras delas. Eu gosto que você seja um começo. Eu não gosto que você vá embora. Eu gosto quando você chega...Mas fica!