"[...] Mas quem sofre sempre tem que procurar, pelo menos vir achar, razão para viver. Ver na vida algum motivo pra sonhar, ter um sonho todo azul, azul da cor do mar!" 💓
Oi, vó!
Tenho sentido uma angústia, um aperto no peito. Um estranhamento com a sua ausência que ainda não passou, de perder a referência, sabe? De não me reconhecer, perder a felicidade e o prazer nas coisas simples.
Eu queria te contar tanta coisa… Nesse ano tão louco, quatro meses parecem um ano todo. Todos os dias, eu acordo e vou dormir com meu pensamento sempre na senhora e como, pensando agora, foi tudo tão intenso e tão doloroso (em todos os sentidos) nos nossos últimos meses juntas.
Que ano, vó! No momento em que mais precisávamos estar juntos, tivemos que nos separar. Faltou força, faltou perspectiva, faltou calma. Sobrou medo. 2020 tirou meu chão. Me levou a senhora, mas sei que o que a gente tinha é só nosso e ninguém nunca vai entender.
Eu ainda não perdi a vontade de chorar toda vez que eu tenho que abrir o seu armário, que eu sonho com o seu abraço ou quando lembro de qualquer situação do dia a dia por aqui. Pela falta que sempre me fará. Pelo vazio que ficou no peito e na casa, impossíveis de serem preenchidos.
Nessas horas, eu recorro aos momentos que ficaram na memória. Das suas gargalhadas com vontade, de todas as vezes que descobrimos os doces que a senhora escondia na gaveta da cômoda, quando falava “tóxico” errado e eu achava graça, de quando já não podia mais comer comida normalmente, e pedia ovo frito porque estava com muita vontade. E, de novo, olhos cheios de lágrimas.
Paro, respiro. E posso te dizer que, embora eu sinta muita dor com a sua partida, eu aprendi muito com ela. E, então, muita coisa mudou por aqui. Hoje, eu queria te contar as coisas, vó. Só queria te dizer te amo, de novo. Mas, quem não morre, sempre é. E, vó, a senhora é, foi e sempre vai ser, vai estar.
Te amo!
Com amor,
Mariana