29 de junho de 2012

Brutal Hearts

‎"Are you the brutal heart? Are you the brutal heart that I've been looking for? 'Cause if you're looking for love, you can look for that door. Hearts... Hearts that break the night in two and arms that can't hold you that true!"
[Uma surpresa boa conhecer a banda Bedouin Soundclash... E trilha sonora de um filme lindo: "O Casamento do meu Ex", e o trailler pode ser visto aqui].

A casa está limpa, a roupa toda lavada, e o cenário é bonito: tudo no lugar, limpo, sem toalhas e sapatos jogados por aí.

Começar um novo relacionamento é como tirar tudo isso do lugar, de novo, espalhar os sapatos pela casa e a roupa sobre a cama. No início, o medo muito grande de bagunçar aquilo tudo que estava no lugar. Dó, pé atrás, até preguiça... Pois foi tão difícil arrumar tudo. Mas uma hora tem que acontecer, né? Começa tudo de novo, igualzinho da outra vez.

Primeiro, um casaco em cima da poltrona do quarto. Aí, um sapato deixado ao lado do sofá, sem querer. Usa-se outra blusa, uma outra calça jeans e um sapato para combinar. Logo em seguida, um secador de cabelos, escova, toalha molhada e quando você consegue ver, são roupas amontoadas, revistas, livros, brincos e casacos de frio.

Aquela casa ali, limpa, está cheia de coisas outra vez. Cheia de histórias. Cheia de sensações. Das roupas que representaram um dia, dos sapatos que machucaram os pés, da calça que estava apertada, mas que, praticamente por um milagre, serviu, naquele dia em que mais precisava levantar a autoestima. Um monte. De medo, de expectativa, de tanta coisa, de tanto sentimento que, caso dê errado, vai ter que ser posto no lugar novamente. Devagar. Nas gavetas certas. Até que aromas conhecidos possam ir embora. Até que marcas sejam apagadas, a saudade saia e a falta que sinta de algo passe.

As roupas. Resistentes assim como nós. Firmes até quando rasgarem. Usa-se. Lava-se. Guarda-se. Em meio a isso, ama-se. Somam-se histórias em todos os cômodos, trilhas sonoras, perfumes, abraços, beijos, nós...

E as roupas. Que lá estão bagunçando a cama, o quarto, só para nos lembrar que um dia já foram uma versão melhor de nós mesmos.

E você e eu. Que já nos deparamos com outros “eu e você” e, mesmo assim, persistimos, até acumularmos mais roupas, sapatos e toalhas que aparecem no meio desse processo.Ao final, estaremos arrumando tudo, abrindo portas dos armários, procurando espaços vazios para guardar a bagunça. Estendendo as toalhas, secando lágrimas  e guardando malas que um dia já carregaram bagagem, histórias e sentimentos. Passando as mãos nas beiradas dos armários para tirar o pó e o excesso de lembranças. De você.

Em outro dia, a primeira blusa do dia. Uma nova história esperando para começar. A repetição que a gente já conhece. Exatamente igual. E por que bagunçar roupas, sapatos e toalhas que já foram arrumadas e postas no lugar? Pra que amar quando já se foi amado? Esgotado. Cansado.


Porque já fomos felizes. O que nos leva a repetir. Sentir, de novo, aquilo que já vivemos. Relembrar. Como é mesmo a sensação de usar roupas novas, limpas? De andar pelo mesmo caminho em que se vai com cuidado, com atenção, até o lugar seguro, de satisfação, que nos faz esquecer a bagunça acumulada. Eu quero a bagunça.

E é exatamente assim. Cansativo. Mas nos mostra que sempre podemos arrumar tudo o que ficou desorganizado e começar de novo.

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