29 de dezembro de 2015

Eu ofereço

"I know I'm not the only one who regrets the things they've done. Sometimes I just feel it's only me who can't stand the reflection that they see. I wish I could live a little more. Look up to the sky, not just the floor. I feel like my life is flashing by...”
[Mas isso foi há anos... :) ]

Não que seja grande coisa, mas talvez sirva.

Não vou oferecer certezas. Tudo é novidade o tempo todo. Tudo muda. Expectativas, pessoas, tempo, cargos mudam.

Mas acho que a gente nem precisa de tantas certezas. Mas uma delas eu ofereço: coração aberto. Ofereço minhas noites de sexta, minhas tardes de sábado e manhãs de domingo. Grandes tesouros para mim.

Nem sempre acompanhado do melhor de mim. Até porquê ainda não consegui me situar com isso. Minha mãe sempre disse que meus olhos são bonitos, mas eles são assim, meio grandes, verdes/castanhos – de cor indefinida –, com cílios loiros que quase não aparecem, e por isso não parecem grande coisa. Ainda não sei se o melhor de mim é a minha habilidade é ser desastrada – ainda mais de manhã bem cedo, que eu saio da cama mas ela não sai de mim –, e a minha incrível maestria em contar piadas ruins (e contá-las muito mal) e rir de todas elas. Não sei.

Mas ofereço, sem dúvidas, o melhor que posso ser. Sempre. Com meu humor difícil. Com meu ombro amigo a qualquer hora. Com o meu carregador do celular, mesmo que a minha bateria ainda esteja em 60%. Com minha risada escandalosa – e a timidez depois dela.

Não ofereço muito. Mas ofereço maturidade nas horas importantes. Boas risadas quando pode – e quando não pode, minha especialidade!

Não ofereço muito, mas ofereço meu tempo. Minha disposição. Minha vontade de ser feliz. Minha vontade de sempre dar o próximo passo.

E quando tudo mudou, quando não pude oferecer certezas, eu mantive o coração aberto. Quando o emprego mudou. Quando o amor mudou. Quando o cenário mudou. Quando pessoas queridas foram embora. Quando pessoas queridas chegaram. Quando duvidaram do meu caráter. Quando eu aprendi a perdoar. Quando eu aprendi a ouvir, e quando eu aprendi a falar. Isso tudo eu ofereço, de coração aberto.

Por isso, as vontades mudaram. Por isso, volto só onde tiver vontade. Choro com quem tiver por perto. Perco o tempo com o que me faz maior. E paro de falar com quem não quer ouvir. Paro de falar. Começo a ouvir. E observo. Os novos dias. As expectativas que mudaram. Os novos velhos sentimentos. Que arrebatam, que arrebentam, se jogam... Festejam. Tudo, de qualquer jeito, da importância que eu der. Mas sempre com o coração aberto.

16 de julho de 2015

Para acalmar tudo por aqui

"[...] Oh maybe you don't have to kill so kind... Pretend to ease my mind when baby you won't."
[Quando realmente não vai...]

Eu aprendi.

Aprendi a respirar ao invés de suspirar. Aprendi a criar menos tempestade em copo d’água. Até eu, no meu nível “hard” tarja preta, que sempre vivi no limite, estufada, sem espaço para mais nada, aprendi a esvaziar um pouco. Era gasto de energia desnecessário...

Acelerar o coração por motivos errados. Desperdício de hormônios. Acelera quando algo sai errado, acelera quando não ouve o que quer ouvir, acelera quando alguém vai embora, acelera quando não entendem o que eu sinto. Sinto muito. Mas sinto muito por sentirem tão pouco.

Então, para que se esforçar tanto? Para acalmar os batimentos. Diminuir a frequência. Aliviar a respiração.

Quando eu tentei falar, fui interrompida, lembrando que eu fazia tudo errado. Mas eu nem comecei a falar. Me fez chorar antes mesmo de abrir a boca. E o engasgo nem deixava eu tentar convencer que nem tudo se tratava de sentimento, mas sim, de razão em querer coisas iguais e reciprocidade daquilo que eu sentia. Não convenci.

Respirei.

Tenho pressa em sair do sufoco. Foi adeus sem implorar por um “fica”. É saudade sem sensação de que podia ter sido mais. Sinto muito. Respira.

15 de junho de 2015

Pura matemática

"My boy, he ain’t the one that I saw coming. And some have said his heart’s too hard to hold and it takes a litle time. But you should see him when he shines. 'Cause you'd never want to let that feeling go When you love who you love!"

A falta dele me lembrou de outras faltas. E foi o suficiente.

Me lembrou que isso tudo também faz parte de algo muito maior... De uma busca interior. Voltar ao passado, reviver cada pedaço, para resolver mal entendidos que ainda têm consequências hoje. Tudo explicado em primeira pessoa: quem sou, quem fui, quem fez parte da minha vida, quem ainda faz, por quem eu gostaria de ser, por quem eu realmente serei, e como será daqui para frente.

"É isso mesmo que você quer?". Eu olho e não vejo quantos anos você tem, sua carreira, não vejo suas responsabilidades. Por um certo tempo, parece que desligo. Fico no automático. Mas quando volta tudo, voltam as contas a acertar, as incompatibilidades persistentes, dúvidas, nuvens negras e prazos sempre curtos.

E nesse meio tempo, um monte de gente que eu nem sequer convidei para a minha vida já faz parte dela mesmo assim. Gente que eu nem quis conhecer, gente que eu nem pedi para ficar. E eu? Eu finjo ser indiferente. E sabe por quê? Para parecer um pouco menos frágil do que realmente sou. Sempre achei que quanto menos se tem, menos se perde. Pura matemática.

E isso bastou. Porque eu pedi para me deixar sem ar, e não sem saída. E isso é só um jeito de contar a verdade com algum encantamento para caber em um texto bonito depois. Ele sabe, mas não diz. Eu não sei, mas quase entendo!



5 de maio de 2015

O que não pode ser dito, afinal

"O senhor sabe o que é o silêncio? É a gente mesmo, demais." 
[Frase do Guimarães Rosa. Tudo em silêncio por aqui]

Sempre fui grande fã do silêncio. Mas faz alguns anos que não o tenho facilmente. Uma das coisas que apreciava bastante era ficar sozinha em casa. Minhas vovós moram conosco já faz um tempo, então a casa nunca fica sozinha, porque elas quase nunca saem, e sempre estão na companhia de um de nós. Além da Abigail, a minha vira-lata de olhos azuis, que é como se fosse uma pessoa dentro de casa, carente que quer atenção 100% do tempo.

Valorizo cada minuto que tenho de silêncio. Minuto que posso colocar as ideias no lugar, respirar com tranquilidade, fechar o olho e pensar na vida. Ou pensar em nada. Valorizo o silêncio em um mundo que fala demais.

Falam demais. Sem medir palavras. Sem filtros. Falam o que não sabem. Falam o que sabem. Falam para machucar. Falam para educar. Falam para censurar. Falam para progredir. Discursos vazios, discursos hipócritas, discursos coerentes ou discursos memoráveis. Tem de tudo!

Falam, mesmo. Falam pelos cotovelos. Falam sem ter dó. Reclamam (as pessoas gostam de reclamar). Ah, o silêncio! Shhh. Diminui o tom. Aproveita e apaga a luz!



21 de abril de 2015

O velho texto batido

“[...] O velho texto batido dos amantes mal-amados, dos amores mal-vividos. E o terror de ser deixada. Cutucando, relembrando, reabrindo a mesma velha ferida. E é pra não ter recaída que não me deixo esquecer... Que é uma pena!”
[É uma pena...]

*Texto escrito em 2009, achado por acaso no meio de uns arquivos no computador antigo.

Eu gosto de possibilidades. Eu gosto das nossas possibilidades. Eu gosto das possibilidades do seu olhar. Eu gosto das possibilidades e do mundo que sua sobrancelha traz. E você me olha, direto, olho no olho.

Eu gosto muito das nossas possibilidades. Mas, como um turbilhão, as lembranças voltam e incomodam como dores de cabeça que latejam, pontadas fortes, querendo controlar minha sinceridade sempre tão... Sincera! Sua impaciência chega sempre em frases muito curtas, mas que é um encanto. E logo depois você se acalma. Me olha... Não para de me olhar!

Eu gosto de olhar para você. Olhar para suas mãos. Segurar suas mãos. Olhar para o seu rosto. Olhar você. Mas não demorou muito, você virou as costas e foi embora. Sem despedida. Um até mais. Um até mais que ia demorar.

Eu gosto quando você volta... Eu pergunto por que voltou, se diz que sente saudades, mas não fica? Por que voltou, se diz que gosta, mas prefere ir embora? Eu pergunto o que é isso que deixa seu rosto tão interessante e você ri. Você sempre ri quando fico séria, quando me aproximo demais.

Eu gosto das nossas possibilidades. De não saber o que vai acontecer a cada encontro, a cada conversa, a cada despedida... Isso tudo não me dá mais medo. É o friozinho na barriga que me deixa ligada!

Eu gosto quando você perde a paciência, mas não tira os olhos dos meus olhos. Com aqueles olhares que te imagino. Eu gosto das nossas possibilidades, mas insisti para não me deixar sem alternativas, sem saída, ou sem palavras... O pensamento foi longe e foi difícil parar!

30 de março de 2015

Sobre a minha ansiedade crônica

"When your legs don't work like they used to before and I can't sweep you off of your feet... Will your mouth still remember the taste of my love? Will your eyes still smile from your cheeks?"
[É só o que importa...]

Você pediu uma decisão, e eu tomei.
Eu fiz uma escolha. Talvez você não tenha concordado. Talvez nem tenha sido a certa. Mas, a essas alturas, isso nem importa mais.

Sofro de ansiedade crônica. Quero tudo para ontem. Do meu jeito. Do jeito que eu planejei. Sofro de inconformismo cheio de saudades. E uma saudade que não tem tamanho de tão grande que é.

Estou achando tudo muito breve, tudo muito urgente. Tudo muito grande e tudo muito depressa. Quero estar em mais lugares do que eu posso. Quero ter todo mundo ao meu redor ao mesmo tempo. Quero poder dizer eu te amo, sem medo de interpretações errôneas, para cara pessoa que realmente merece ouvir isso de mim.

O tempo passou. E como passou. Sinto muito o tempo passar. Viver e ver as pessoas passarem. Sinto por não ver esse tempo passar. Sinto tanto as ausências. Sinto muito estar perdendo muita coisa. Queria estar mais perto. Queria andar com um pouco mais de calma, sabendo que ia te encontrar logo ali.

Não dá para voltar no tempo. Não posso voltar atrás. Eu não quero perder. Fui mais razão que emoção quando tentei ser mais madura. A racionalidade acelerou tudo por aqui. Piorou minha ansiedade crônica. Me fez até procurar floral para acalmar os nervos. Tinha mais que mistura de sentimentos ali. Tinha história.

E a vida continua... A vida sempre vai encontrar um jeito de continuar. Sempre. Vezes para frente, vezes de marcha ré, mas é preciso ser forte para permanecer firme de pé. Respira. Inspira. Dói. Respira. Inspira. Me abraça. E vou ficar por aqui, observando tudo, o tempo passar, a poeira baixar, e esperar um sorriso de volta. Porque é isso que importa, não é? O sorriso um do outro.

10 de fevereiro de 2015

Esqueceram de me contar

"Society, crazy indeed. Hope you're not lonely without me... Society, have mercy on me! Hope you're not angry if I disagree."
[Eddie Vedder]

Que ser gente grande ia dificultar um pouco a vida (e no “pouco” estou sendo modesta).

Que cabelos brancos aparecem com o tempo. Com menos ou mais nervoso. Com a gastrite mais atacada ou menos.

Que nos intervalos das minhas tarefas rotineiras, entre uma coisa e outra para fazer, era o computador que estaria a minha frente. E que muitos encontros e cafés ficariam apenas no “vamos marcar”.

Que a saudade de ter um avô não iria passar nunca. Que seria muito difícil aprender a lidar com o medo de perder as pessoas.

Mas, não contaram, também, que os amigos “seguram o tranco” com a gente quando mais precisamos.

Que tem amor para todo mundo, só as relações se tornam complicadas e não são para todos.

Que estamos cercados, o tempo todo, O TEMPO TODO, por idiotas. Isso me afeta o quanto eu permito.

Que bons pensamentos atraem bons pensamentos. Isso atrai boas energias. Boas energias atraem boas atitudes.

Que aquilo que tem que acontecer tem muita força.

É tudo uma questão de perspectiva!

27 de janeiro de 2015

Recupere seu tempo

"And I wonder if everything could ever feel this real forever. If anything could ever be this good again. The only thing I'll ever ask of you... You've gotta promise not to stop when I say when!"
[Foo Fighters]

E ela avisou. Avisou que ia. E foi. Foi, porque não sentia mais a obrigação de ficar. E quando virou obrigação, já não tinha mais motivo para ficar. Exatamente assim, só durou enquanto estava sendo bom. E ele provou como é experimentar um abraço sem amor depois dela. E avisou que ele só vai sentir falta quando perceber que a vida, sem ela, fica sem cor, sem graça e aí, acredite, vai sentir falta da falta de humor matinal dela, da demora para se arrumar, dos atrasos por conta do trabalho, contanto que ela realmente apareça.

Ele vai procurar. Talvez encontre, mas não vai ser ela. E isso não é ela quem diz... Ele mesmo. Porque ela foge de todos os padrões. E padrões limitam... Ela é singular! Já viu aquele sorriso dela? Mas aquele espontâneo, de verdade... De rosto virado, ombros apertados, olhinhos quase fechados. Sorriso que acalma um furacão. 

Até ele que era mais tarja preta – mesmo ela sendo mais Ritalina -, desabava com um sorriso dela. Mas para que se esforçar tanto? Virou rotina o esforço dele para acalmar os batimentos cada vez mais acelerados. Precisando, sempre, de uma dose mais alta de calmantes mais fortes, mas com um remédio simples: o tempo. Tome um tempo, recupere seu tempo e não culpe o tempo.

E, enquanto há tempo, ele vai dizer que ela mudou o tom da vida dele. E que espera que não apareça ninguém para perder a hora enquanto esse tempo passa, mesmo que não haja nada concreto para o futuro. O dom de acalmá-lo, de não julgá-lo e de compreendê-lo... É só dela! A favorita dele. 

Acidente com vítima leve

" Eu vou andando pelo mundo como posso E me refaço em cada passo dado Eu faço o que devo, e acho Não me encaixo em nada Não me encaixo,...